terça-feira, 17 de maio de 2011

Desabafo do Fábio Ribeiro

Recentemente o Makotto perguntou ao Fábio Ribeiro, ex tecladista da banda do Andre Matos, se está na moda substituir tecladista por Ipod... eis a resposta do mesmo:

"Ah, o 'pobre tecladista'... Esse negócio de aparecer ou não, de estar na formação oficial da banda ou não, essas fábulas todas ao redor do assunto, principalmente no estreito universo do heavy metal. Esta é uma visão limitada da coisa. Há p...ouco tempo eu estava debatendo isso com o Hugo Mariutti e com o Ale Souza... Quem iniciou esta lenda que de uns tempos para cá acabou colocando o tecladista de heavy metal nesta posição dita 'opcional', 'escondida' ou simplesmente 'excluída'? Será que foi o Ozzy em suas primeiras turnês, quando o tecladista Don Airey ficava situado em uma janelinha do tenebroso cenário de castelo? Aí a gente ficou re-lembrando os bons tempos do David Rosenthal e do próprio Don Airey no Rainbow, dos Wakemans, Emersons e Lords da vida, e aquela nostalgia toda. Uma época onde as bandas pareciam funcionar mais como um todo, acrescentando instrumentos e instrumentistas segundo as necessidades do som, não seguindo fórmulas estéticas idiotas como número exato de integrantes ou coisas do tipo. Paralelamente, o tecladista parecia ter mais atitude dentro de uma banda, ou menos concorrência, sei lá. Será então que o tecladista de heavy metal foi engolido pelos 'incredibly-fast-but-lifeless-guitar-heroes' e seus imaturos seguidores fanáticos? Uma ótima pauta para discussão...

Eu acho que o som não precisa estar necessariamente ligado à imagem de uma banda o tempo todo, assim como um músico completo não pode estar ligado à imagem e ao som de um único instrumento. O 'teclado' e seus derivados engrandeceram bastante a sonoridade dos Beatles, por exemplo, e de inúmeras outras bandas nestas décadas todas, mesmo atuando em segredo, sem um protagonista. O 'teclado' é o instrumento mais versátil do mundo, é útil e é divertido. Muitas vezes é absolutamente necessário. Aliás, não é correto definir no simples termo 'teclado' toda a capacidade deste conjunto de ferramentas. O sintetizador pode reproduzir qualquer som, é o produto musical perfeito. Todos os aparatos que giram ao seu redor são absolutamente indispensáveis para a produção de música atualmente. Pensando assim, o 'tecladista' não precisa aparecer lá, ele está lá, em seus mais variados trajes, mesmo que incógnito. Vamos tomar um exemplo direto e fazer um teste - retire absolutamente todos os 'teclados' (claro, incluindo todos os efeitos sonoros, texturas, climas criados por sons gerados eletronicamente, samples, etc, etc...) de todos os álbuns do Angra e do ShaAman. Esta ausência faz diferença na sonoridade geral e no conceito das bandas? Pois é... Faz, e como faz! E nenhuma das duas teve um 'tecladista' dedicado na formação oficial... Inúmeras são as outras bandas de heavy metal nesta mesma situação.

De qualquer forma, por lazer e diversão, às vezes eu adoto essa atitude 'emersoniana' de passar uma energia visual no palco e tal, afinal o tecladista não pode ser apenas o cara de óculos, com cara de nerd, atrás de uma tonelada de aparelhos alienígenas que fazem somente blips e bloings! Mas ainda acho que talvez os meninos prefiram inicialmente a guitarra, pois parece ser instrumento mais sexy, sei lá. A adolescência é um período cheio de manias..."

segunda-feira, 2 de maio de 2011